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entry Apr 3 2024, 09:50 PM
Grupo de bancos centrais lança projeto de tokenização para aprimorar sistema financeiro global

* por Rodrigo Tolotti | Portal do Bitcoin

O Banco de Compensações Internacionais (BIS), grupo global de bancos centrais, está explorando como a tokenização pode ser usada para melhorar os sistemas financeiros existentes com um novo projeto anunciou nesta quarta-feira (3).

Batizado de “Agorá” (marketplace, em grego), o projeto visa aproveitar contratos inteligentes para acelerar os serviços que os bancos centrais oferecem às instituições financeiras globais. “A tokenização é a próxima fronteira em termos de digitalização de dinheiro e pagamentos”, disse Cecilia Skingsley, chefe do Centro de Inovação do BIS.

O BIS espera que os contratos inteligentes, que permitem transações automatizadas quando as condições são atendidas em uma blockchain, possam acelerar o processo para os bancos fazerem pagamentos transfronteiriços.

Sete bancos centrais estão aderindo ao novo projeto pelo BIS Innovation Hub: o da Inglaterra, França (representando a zona do euro), Japão, México, Coreia do Sul, Suíça e o Federal Reserve de Nova York.

Empresas financeiras comerciais também podem aderir, mas o BIS ainda não tem confirmação de participantes.

O projeto “investigará como os depósitos bancários comerciais tokenizados podem ser perfeitamente integrados ao dinheiro do banco central atacadista tokenizado em uma plataforma financeira central programável público-privada”, disse o BIS em comunicado. “Isto poderia melhorar o funcionamento do sistema monetário e fornecer novas soluções utilizando contratos inteligentes e programabilidade, mantendo ao mesmo tempo a sua estrutura de dois níveis.”

Segundo Skingsley, o projeto Agorá explorará uma infraestrutura de pagamento mais eficiente que poderá reunir vários sistemas de pagamento. “Não iremos apenas testar a tecnologia, iremos testá-la dentro das condições operacionais, regulamentares e legais específicas das moedas participantes, juntamente com as empresas financeiras que nelas operam”, explicou.

Hyun Song Shin, chefe de pesquisa e consultor econômico do BIS, disse ainda que o objetivo da entidade é “aperfeiçoar o papel dos intermediários no sistema monetário internacional”.

O projeto surge em um cenário em que o BIS está atento às stablecoins e criptomoedas, reconhecendo seu potencial para ameaçar os sistemas financeiros tradicionais. Mesmo que esses ativos digitais sejam parte da tokenização, a entidade é crítica a parte do setor e já disse no passado que cripto “é um sistema falho que não pode assumir o manto do futuro do dinheiro”. Mesmo assim, a tecnologia blockchain será vital para o futuro das operações da entidade.

entry Apr 2 2024, 09:03 PM
Japão aprova investimento de US$ 3,9 bilhões em fabricante de chips

* por Yuki Hagiwara | Bloomberg

O Japão aprovou cerca de US$ 3,9 bilhões (R$ 20 bilhões) em subsídios para a empresa de chips Rapidus para dar fôlego à fabricação de semicondutores no país.

O financiamento ajudará a Rapidus a comprar equipamentos e também a desenvolver processos avançados de fabricação de chips, disse o ministro da Economia, Ken Saito.

O valor se soma aos US$ 2,2 bilhões de dinheiro público que a startup de 19 meses já recebeu em sua tentativa improvável de produzir chips em massa na província mais ao norte do Japão, Hokkaido, e competir com os líderes TSMC, de Taiwan, e Samsung, da Coreia do Sul.

"Os chips de próxima geração em que a Rapidus está trabalhando são a tecnologia que ditará o futuro da indústria japonesa e do crescimento econômico", disse Saito durante uma coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira (2) em Tóquio. "Este ano fiscal é extremamente importante para a Rapidus."

As ações dos fabricantes japoneses de equipamentos de chips subiram com a notícia, com a Tokyo Electron subindo 3,4% e a Disco ganhando 2,1%.

A quantia faz parte dos cerca de 4 trilhões de ienes (US$ 26 bilhões) que o Japão reservou nos últimos três anos para recuperar parte de sua antiga capacidade de fabricação de chips, com o primeiro-ministro Fumio Kishida visando 10 trilhões de ienes (US$ 66 bilhões) em apoio, juntamente com o setor privado.

O Japão comprometeu bilhões de dólares na primeira fábrica da TSMC em Kumamoto, sul do país, bem como na expansão da Micron Technology em sua fábrica em Hiroshima para produzir DRAM avançado.

As crescentes tensões geopolíticas estão incentivando governos ao redor do mundo a ampliar as capacidades domésticas para fabricar semicondutores, que são cruciais para o funcionamento de carros, usinas elétricas e sistemas de armas, bem como eletrônicos de consumo.

Os EUA também prometeram bilhões de dólares aos fabricantes de chips, mas atrasos na concessão de licenças e na alocação de subsídios têm prejudicado os planos de construção de fábricas.

A Rapidus está se unindo aos pesquisadores do país em nanotecnologia e materiais para diminuir a diferença com a TSMC na tecnologia de fabricação de ponta.

A TSMC detém a maior parte da produção avançada de chips terceirizada do mundo, com a rival mais próxima, Samsung, lutando há anos para alcançá-la.

Cerca de 536,5 bilhões de ienes (US$ 3,5 bilhões) dos subsídios recém-aprovados serão usados para instalar equipamentos na fábrica da Rapidus em Chitose, contratar pesquisadores da IBM, reduzir os tempos de resposta e construir um sistema de controle de produção, de acordo com o Ministério da Economia, Comércio e Indústria.

Os 53,5 bilhões (US$ 350 milhões) restantes serão usados para desenvolver tecnologias avançadas de packaging para ajudar a combinar vários chips para aumentar as capacidades.

Packaging é uma área que está recebendo mais atenção, à medida que colocar mais transistores em um único pedaço de silício se torna cada vez mais caro.

Os subsídios ajudam a colocar a empresa no caminho para alcançar seu objetivo de produzir em massa semicondutores usando processos de 2 nanômetros em 2027 e alcançar ciclos de produção que são duas vezes mais rápidos do que os dos concorrentes, disse o presidente da Rapidus, Atsuyoshi Koike.

"Esses fundos são extremamente importantes para nós tornarmos nossa linha piloto uma realidade."

Três décadas de estagnação econômica no Japão e perda de competitividade internacional foram causadas em parte pela falta de compreensão sobre a importância dos semicondutores para a digitalização, descarbonização e segurança econômica, disse Saito.

"Não é exagero dizer que os chips são a base das indústrias deste país e do mundo", disse.

entry Apr 1 2024, 09:56 PM
Sigma vai investir US$ 100 milhões para dobrar produção de lítio no Brasil

* por Roshia Sabu | Reuters

A Sigma Lithium anunciou nesta segunda-feira (1) uma decisão de investimento para adicionar uma segunda linha de produção em sua unidade industrial Greentech no Brasil, com o objetivo de quase dobrar a produção de lítio. O anúncio fez com que suas ações subissem 6% nas negociações desta manhã.

A Sigma, sediada em Vancouver, Canadá, que minera e processa lítio no Brasil, planeja aumentar a produção para 520.000 toneladas por ano até 2025, em comparação com a produção atual de 270.000 toneladas.

A empresa disse que o investimento para a fase 2 deve ser de US$ 100 milhões. Ela espera colocar a fábrica em funcionamento até o final do ano de 2024, com a primeira produção prevista para o primeiro trimestre de 2025.

A empresa, que recentemente passou por mudanças na administração e está buscando contratos com fabricantes de automóveis e grandes participantes do setor de baterias, obteve uma licença ambiental estadual no final de janeiro para instalar e operar a nova fábrica.

entry Mar 31 2024, 08:37 PM
Amazon planeja investir US$ 150 bilhões em data centers para suprir demanda de IA

* por Matt Day | Bloomberg | Nova York

A Amazon. planeja gastar quase US$ 150 bilhões nos próximos 15 anos em data centers para aumentar sua capacidade de lidar com o aumento na demanda por aplicativos de inteligência artificial e outros serviços digitais.

A farra de gastos é uma demonstração de força, já que a empresa busca manter sua posição no mercado de serviços em nuvem, onde detém cerca do dobro da participação do segundo colocado, a Microsoft Corp.

O crescimento das vendas na Amazon Web Services desacelerou para uma mínima recorde no ano passado, à medida que os clientes empresariais reduziram custos e adiaram projetos de modernização. Agora, os gastos estão começando a aumentar novamente, e a Amazon está ansiosa para garantir terrenos e eletricidade para suas instalações que consomem muita energia.

"Estamos expandindo significativamente a capacidade", disse Kevin Miller, vice-presidente da AWS que supervisiona os data centers da empresa. "Acho que isso nos dá a capacidade de ficar mais próximos dos clientes."

Nos últimos dois anos, de acordo com um levantamento da Bloomberg, a Amazon se comprometeu a gastar US$ 148 bilhões (R$ 740 bilhões) para construir e operar data centers ao redor do mundo. A empresa planeja expandir os hubs de fazendas de servidores existentes no norte da Virgínia e em Oregon, no Estados Unidos, bem como se expandir para novas áreas, incluindo Mississippi, Arábia Saudita e Malásia.

O investimento planejado da Amazon em fazendas de servidores supera em muito os compromissos públicos da Microsoft e da Alphabet, controladora do Google, embora nenhuma das empresas divulgue consistentemente os gastos relacionados a data centers como a Amazon. Porta-vozes da Microsoft e do Google se recusaram a fornecer números comparáveis e acrescentaram que cada empresa provavelmente inclui custos diferentes em suas estimativas.

Em meio a cortes de custos mais amplos na Amazon, os gastos de capital da AWS em data centers diminuíram 2% em 2023 —pela primeira vez— mesmo quando a Microsoft aumentou seus próprios gastos em mais de 50%, de acordo com a empresa de pesquisa Dell'Oro Group. Mas o diretor financeiro da Amazon disse no mês passado que os gastos de capital aumentariam neste ano para apoiar o crescimento da AWS, incluindo projetos relacionados à inteligência artificial.

Grande parte da expansão dos data centers da Amazon visa atender a um aumento na demanda por serviços corporativos como armazenamento de arquivos e bancos de dados. Mas as instalações, juntamente com chips avançados e caros, também fornecerão a potência de computação necessária para um esperado boom na inteligência artificial generativa.

A Microsoft e o Google são amplamente vistos como líderes na comercialização de software capaz de gerar texto e insights. Mas a Amazon está construindo suas próprias ferramentas para rivalizar com o ChatGPT, da OpenAI, e se associou a outras empresas para alimentar serviços de IA com seus servidores. Como resultado, a Amazon espera obter dezenas de bilhões de dólares em receita relacionada à IA.

A AWS instalou seus primeiros data centers na Virgínia, nas proximidades de Washington. Lar do primeiro intercâmbio comercial de tráfego na web, a área continua sendo um hub crucial para streaming de vídeo e dados corporativos e governamentais. Posteriormente, a Amazon abriu data centers na zona rural do leste de Oregon, aproveitando a energia hidrelétrica barata e amplos incentivos fiscais. Desde então, Virgínia e Oregon receberam cerca de quatro de cada cinco dólares que a AWS gasta em infraestrutura nos EUA.

A Amazon planeja gastar dezenas de bilhões a mais nesses estados, mas está se tornando mais difícil garantir eletricidade lá. Os data centers consomem muita energia, e sua expansão está pressionando as empresas de serviços públicos. Por alguns meses em 2022, a Dominion Energy Inc., que alimenta o corredor de data centers da Virgínia, não conseguiu acompanhar, pausando conexões para instalações que estavam prontas para entrar em operação. A empresa de serviços públicos espera que a demanda quase dobre nos próximos 15 anos, com o crescimento impulsionado principalmente por data centers.

Em Oregon, o uso de eletricidade pelos data centers da Amazon excede a parcela da energia hidrelétrica local, forçando-a a comprar eletricidade gerada por gás natural, informou um jornal local no início deste ano.

Em fevereiro, a empresa disse que gastaria cerca de US$ 10 bilhões em dois campi de data centers no Mississippi. Anunciado como o maior projeto corporativo na história do estado, o esforço da AWS plantará raízes no sul dos EUA, uma região que viu relativamente pouco gasto com data centers fora de grandes cidades como Dallas e Atlanta.

No início deste mês, o operador de uma usina nuclear de 40 anos no rio Susquehanna, na Pensilvânia, disse que a AWS concordou em gastar US$ 650 milhões para adquirir um campus de data center conectado à instalação.

Em Round Rock, Texas, a AWS recentemente obteve aprovação de zoneamento para construir um centro de dados e subestação elétrica ao lado de um depósito de entrega em uma parte de uma antiga fazenda que a empresa adquiriu durante uma onda de gastos na era da pandemia. Se o projeto avançar, será a primeira vez que a empresa colocará tais instalações na mesma propriedade.

"Agora é apenas uma corrida louca por qualquer lugar que tenha energia em breve", disse Charles Fitzgerald, ex-gerente da Microsoft e investidor baseado em Seattle que acompanha os gastos das empresas de nuvem.

Mesmo enquanto se expandem, a Amazon e outras empresas estão encontrando uma crescente oposição aos centros de dados. Grande parte da atual animosidade está centrada na Virgínia, onde os moradores reclamam do zumbido incessante das fazendas de servidores e os preservacionistas lamentam a invasão das instalações expansivas em locais de batalha da Guerra Civil. Mas bolsões de resistência estão surgindo em outras partes dos EUA e podem crescer à medida que mais e mais centros de dados entram em operação —quer sejam construídos pela Amazon ou não.

Defensores de energia renovável também afirmam que a pressa para construir novas instalações deu nova vida a antigas usinas movidas por combustíveis fósseis que aquecem o planeta e até ajudou a justificar a construção de novas. No Mississippi, por exemplo, a Amazon pagará para ajudar a concessionária local a construir fazendas solares, mas a empresa também operará os centros de dados com uma nova usina de energia a gás natural que provavelmente funcionará por décadas.

"Empresas como a Amazon terão que usar seu poder de compra para realmente forçar as concessionárias a mudar seu comportamento", disse Daniel Tait, gerente de pesquisa e comunicações do Energy and Policy Institute, um órgão de controle de concessionárias que apoia energias renováveis. "Não estão apenas induzindo mais uso de combustíveis fósseis, mas estão criando o precedente de que todos que vierem depois farão o mesmo."

Nos últimos anos, a Amazon tem sido a maior compradora corporativa de energia renovável do mundo, como parte de um compromisso de alimentar todas as suas operações com eletricidade renovável até 2025. Mas esses projetos podem estar longe de seus centros de dados, um descompasso entre oferta e demanda que atormenta a rede elétrica fragmentada e envelhecida dos EUA.

O chefe de centro de dados da Amazon, Miller, disse que a empresa continuava a avaliar projetos de energia limpa além de fazendas eólicas e solares, incluindo armazenamento de baterias e energia nuclear, que podem substituir as usinas movidas a combustíveis fósseis. Ele se comprometeu a trabalhar com as concessionárias e encontrar uma maneira de "corresponder nossa necessidade de energia com energia renovável e livre de carbono".

entry Mar 30 2024, 08:15 PM
Japão e UE discutirão cooperação em materiais tecnológicos para reduzir dependência da China, diz Nikkei

* por Makiko Yamazaki | Tóquio

TÓQUIO (Reuters) - O Japão e a União Europeia planejam iniciar negociações sobre a cooperação em materiais mais tecnológicos para chips e baterias da próxima geração a fim de reduzir a dependência da China, informou o Nikkei neste sábado.

Iliana Ivanova, comissária da União Europeia para pesquisa e inovação, disse em entrevista por escrito ao Nikkei que o estabelecimento do diálogo em áreas de interesse comum beneficia ambas as partes.

A nova estrutura, que será lançada em abril, está sendo desenvolvida para ajudar a reduzir a dependência da China com relação a materiais como metais raros, elementos essenciais para usos como baterias de veículos elétricos, disse o Nikkei.

entry Mar 29 2024, 09:00 PM
Conselho do GPA aprova deslistagem de ADSs da Nyse após cotações ficarem abaixo de US$ 1,00

* por Estadão

O conselho de administração do GPA aprovou nesta sexta-feira, 29, a deslistagem das American Depositary Shares (ADSs) da Bolsa de Nova York (Nyse).

A decisão do conselho ocorre após a companhia avaliar alternativas para lidar com os preços das ADSs que estavam sendo negociados na Nyse a um valor inferior a US$ 1,00. Na última quinta-feira, a ADS fechou na mínima intradia de US$ 0,63.

"O conselho do GPA entendeu que a deslistagem das ADSs da Nyse é o melhor interesse para a companhia e seus acionistas, levando em consideração: o volume de negociação muito limitado das ADSs em relação ao volume global (B3 e Nyse) de negociação das ações ordinárias da companhia; o fato de que a companhia não tem historicamente buscado captações através da Nyse; e os custos relevantes associados à manutenção da listagem das ADSs na Nyse e com o registro das ações ordinárias da companhia e das ADSs junto à Securities and Exchange Comission (SEC, comissão de valores mobiliários dos EUA), assim como ao cumprimento dos relatórios periódicos e obrigações relacionadas", diz a varejista.

No futuro, a companhia planeja solicitar um pedido de cancelamento do registro de suas ações ordinárias e ADSs junto à SEC, segundo comunicado ao mercado.

Desde setembro 2023, após a segregação do Almacenes Éxito, as ADSs representaram menos do que 5% do volume médio diário de negociação global (B3 e Nyse) das ações ordinárias da companhia e, desde janeiro de 2024, menos de 3%.

A companhia notificou a Nyse sobre a aprovação da deslistagem e apresentará o Formulário 25 à SEC dentro do prazo apropriado.

Já as ações ordinárias (ON) do GPA continuarão sendo listadas e negociadas na B3, principal mercado de negociação das ações da companhia.


entry Mar 28 2024, 11:48 PM
Japão: ministro diz que tomará 'medidas apropriadas' caso iene se mova excessivamente

* por Estadão

Ministro de Finanças do Japão, Suzuki Shunichi afirmou que vai tomar as "medidas apropriadas" no mercado de câmbio caso ocorram movimentos excessivos do iene. Suzuki falou que está prestando atenção no mercado cambial com um "senso de urgência".

"É importante que as taxas de câmbio se movam com estabilidade, refletindo fundamentos econômicos", disse o ministro.

entry Mar 27 2024, 10:04 PM
Crise climática derruba safra de cacau e deixa chocolate mais caro

* por Matheus Gouvea de Andrade | DeustchWelle

A tradicional constatação sobre os altos preços dos ovos de Páscoa neste ano ganhou ainda mais forças. A razão vem dos principais produtores do mundo, países na África Ocidental, onde uma tempestade perfeita entre clima e baixos investimentos na produção levou a um recorde na cotação internacional do cacau. E, para os brasileiros, o chocolate deve seguir ainda mais caro depois do feriado.

O cacau vem renovando suas máximas históricas nas últimas semanas devido à escassez de oferta, o que se deve a colheitas mais fracas nos dois países produtores mais importantes, Costa do Marfim e Gana. Em Nova York, a tonelada da commodity atingiu ontem (26) pela primeira vez a marca de US$ 10 mil. Em um ano, os preços triplicaram, enquanto a alta somente em 2023 é maior que 130%.

"O mercado do cacau deverá registrar um déficit de oferta recorde neste ano-safra, com os estoques caindo para o seu nível mais baixo em décadas. Não se espera qualquer alívio no curto prazo, o que significa que é perfeitamente possível um novo aumento dos preços", descreve o analista de commodities do Commerzbank Carsten Fritsch. Ele destaca que, no último ano, o cacau já havia sido a matéria-prima com maior alta dentre as monitoradas pelo banco.

"Ainda poderá haver revisões em baixa na oferta nos próximos meses se as colheitas intercalares na Costa do Marfim e em Gana, que começam em abril, também se revelarem fracas devido à seca e aos fortes ventos do Harmattan", aponta, mencionando o fenômeno climático proveniente do deserto do Saara notório por carregar nuvens de areia na África Ocidental.

Além disso, a região lida com uma falta de recursos para novas colheitas. "O aumento dos preços não chega aos produtores africanos, ficando em grande parte com intermediários, o que causa desinvestimento", pontua Leonardo Rossetti, analista de inteligência de mercado da StoneX. Uma reversão no cenário não é simples, ele lembra, já que não se trata de uma cultura anual, com os cacaueiros demorando entre quatro e cinco anos para gerarem frutos.

Este cenário está refletido nas últimas previsões da ICCO (Organização Internacional do Cacau), que prevê que a oferta global da commodity deverá cair mais de 10% no atual período 2023/24, e que projeta um déficit recorde de 374 mil toneladas neste ano. Neste caso, será o terceiro ano consecutivo do mercado registrando maior consumo do que oferta, algo que não ocorria desde 1969.

[b/Cenário no Brasil é de déficit[/b]
Apesar de ser o sétimo maior produtor do mundo, o cenário para o Brasil também é de déficit, com grande necessidade de importação, principalmente dos exportadores africanos. No último ano, o país teve um consumo de 253 mil toneladas, enquanto produziu 220 mil toneladas de cacau bruto.

Sobre as exportações nacionais, Rossetti aponta que um destaque do país é o envio de manteiga de cacau para a América Latina e os Estados Unidos. Quanto aos chocolates em si, os envios nacionais não contam com grande repercussão.

Com o cenário da alta de preços, o analista acredita que há estímulos para avanço. "No Brasil o produtor é mais bem remunerado que nos países africanos, então deve investir mais, como na compra de fertilizantes. As perspectivas são positivas", avalia.

Rossetti aponta projetos para o país ser autossuficiente, e crê que o mundo olha "com bons olhos" para o Brasil, especialmente quando em comparação com a produção de algumas nações africanas, que se notabilizaram pelas más condições de trabalho.

A produção brasileira é dominada por pequenos produtores. Segundo o Censo Agropecuário do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), existem 93 mil produtores de cacau no Brasil, sendo a maioria de agricultura familiar, com tamanhos médios de propriedades que variam entre cinco e dez hectares.

Os principais cultivos hoje no país estão localizados no sul da Bahia e no Pará. Rossetti avalia que há espaço para maiores investimentos, e que há condições de expandir as áreas de plantação atuais. No caso paraense, ele lembra que o cacau costuma ser beneficiado como um produto de reflorestamento na Amazônia.

No ano passado, a produção voltou a ser afetada por pragas, um problema que assola o cacau brasileiro há décadas. Com os avanços do agronegócio do país, Rossetti reconhece que a cadeia do cacau sofre uma defasagem quando comparada a outros produtos com maior relevância para as exportações nacionais, como a soja. Por sua vez, ele avalia que a alta dos preços possa chamar mais atenção para a matéria-prima, o que poderia reverter este cenário.

O Brasil chegou a estar no topo da produção mundial nos anos 1980. No entanto, a diminuição de investimentos aliada a uma praga conhecida como vassoura-de-bruxa impactou duramente a cadeia do cacau no país. Causada por um fungo, o problema afetou por anos os cultivos no sul da Bahia, fazendo com que boa parte das colheitas da região fosse perdida, chegando a 80% de perda em alguns casos.

A praga prejudicou outros países da América do Sul. Um destaque foi o Equador, que hoje está à frente do Brasil no ranking mundial de produção, ocupando o quinto lugar. Peru e Colômbia são outras nações com produções de destaque. Para Rossetti, com o mercado seguindo aquecido, "estes outros produtores também se beneficiam, já que estão sendo muito bem remunerados". Desta forma, a expectativa é de que os cultivos também possam se expandir pela região.

Efeitos para o consumidor ficam no bolso
Uma estimativa da Abras (Associação Brasileira de Supermercados) apontou que os ovos de Páscoa podem sofrer uma variação de até 15% na média dos preços. No entanto, a expectativa é de alta no consumo entre 13% e 15% em comparação com o ano passado.

Rossetti lembra que o chocolate para este feriado não foi produzido com os preços atuais, e, sim, com os dos últimos trimestres do ano passado, quando havia uma alta nas cotações, mas não tão forte quanto agora. Ele destaca, no entanto, que a tendência é de que as altas nos preços da commodity sigam sendo repassadas ao consumidor, com os valores atuais provavelmente se refletindo entre maio e junho.

entry Mar 26 2024, 08:25 PM
Países da União Europeia aprovam normas ambientais flexíveis para agricultores do bloco

* por AFP | Bruxelas

Os países da UE (União Europeia) aprovaram nesta terça-feira (26), em Bruxelas, a flexibilização das normas ambientais exigidas de agricultores do bloco, uma proposta feita pela Comissão Europeia frente à onda de protestos do setor.

O tema foi o principal ponto da agenda no encontro de ministros da Agricultura da UE.

A Comissão Europeia, braço executivo do bloco, surpreendeu, em meados de março, quando propôs flexibilizar as normas da Política Agrícola Comum que estavam em vigor desde 2023.

A reforma da política agrícola foi aprovada quase sem alterações pelos ministros da Agricultura e agora será enviada ao Parlamento Europeu.

A proposta foi feita em resposta à onda de protestos dos agricultores europeus, que foram registrados de Portugal à Polônia.

Nesta terça-feira, filas de tratores bloquearam novamente as ruas próximas às sedes de instituições europeias em Bruxelas.

Segundo a polícia, 250 tratores e equipamentos agrícolas pesados bloquearam ruas, despejaram batatas e incendiaram fardos de feno.

Pelo menos um homem foi preso em um dos confrontos com as forças de segurança, que lançaram gás lacrimogêneo e utilizaram jatos d'água para afastar os manifestantes.

A comissão propôs eliminar completamente a obrigação de deixar pelo menos 4% das terras produtivas em pousio ("descanso") ou como áreas não produtivas. Esta medida deve ser substituída por uma simples "diversificação", e a manutenção de pastos permanentes deve consideravelmente flexibilizada.

Além disso, terras com menos de dez hectares devem ficar isentas da fiscalização associada às normas ambientais.

A Copa-Cogeca, organização dos sindicatos agrícolas europeus, comemorou a "maior flexibilidade" nas regras, "tendo em conta as especificidades locais".

Na véspera da decisão, contudo, 16 ONGs ambientais pediram à comissão que retirasse sua proposta legislativa, por considerarem um retrocesso.

Representantes permanentes dos países da UE em Bruxelas discutirão nesta quarta-feira (27) outra questão extremamente sensível: a renovação da isenção de taxas alfandegárias para determinados produtos agrícolas procedentes da Ucrânia.

Os países do bloco e os eurodeputados chegaram a um acordo há uma semana para impor um limite às importações de produtos ucranianos que seriam isentos destas taxas, em resposta aos protestos dos agricultores do bloco.

Esse acordo prorroga por um ano a isenção tarifária concedida em 2022, mas acrescenta os grãos à lista de bens com salvaguardas para evitar que importações baratas inflem o mercado. O mecanismo também se aplicará a ovos, açúcar, milho e produtos avícolas.

entry Mar 25 2024, 09:11 PM
Economista do BCE vê progresso na inflação que pode reverter 'parte' das alta nos juros

* por Estadão

O economista-chefe do Banco Central Europeu (BCE), Philip Lane, reafirmou que a inflação mostra progresso na região e mostrou confiança de que o quadro nos salários se normalizará, após avanços recentes, o que permitirá reverter "parte" das altas nos juros da zona do euro. As declarações foram dadas durante entrevista realizada no dia 21 e veiculada nesta segunda-feira, 25, no podcast do próprio BCE, no qual ele lembrou que a instituição já previa que a inflação perdesse fôlego, por isso o quadro tem se desenrolado conforme esperado.

Lane afirmou que "em algum momento" será possível reverter parte das altas nos juros, sem se comprometer com prazos ou níveis para as taxas.

Ele recordou que, nas projeções de março do BCE, deve haver mais progresso nos preços e em 2025 a inflação deve se estabilizar "por volta da meta" de 2% do BCE.

Sobre os salários, o economista-chefe destacou que a inflação elevada não foi causada por ela, mas por custos mais altos com energia, sobretudo, por questões internacionais.

Nesse contexto, é natural que as pessoas tenham buscado melhoras nos salários, "para compensar em parte a alta no custo de vida".

Agora, o BCE ainda espera ver aumentos salariais mais elevados que o normal, "mas não acreditamos que seja uma espiral". Há "um processo de normalização" nos salários e o BCE se mostra confiante de que isso está em andamento, acrescentou.

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