Natura avalia separar operação da Avon e criar duas companhias de capital aberto * por Stéfanie Rigamonti | Folha de São Paulo A empresa de cosméticos e beleza Natura &Co anunciou na noite desta segunda-feira (5) que seu conselho de administração autorizou a diretoria da empresa a estudar uma separação das marcas Natura e Avon. Segundo fato relevante anexado na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) após o fechamento do mercado, a ideia é que as duas companhias sejam independentes e ambas de capital aberto. O anúncio vem na esteira das vendas recentes da marca britânica de cosméticos sustentáveis The Body Shop e da australiana Aesop. "A possível separação está em linha com a estratégia de Natura &Co de simplificar sua estrutura corporativa e proporcionar mais autonomia para suas unidades de negócios", diz a empresa no fato relevante. "Essa separação tem como objetivo promover o potencial de ambas as empresas, que possuem abrangências geográficas distintas, atendem diferentes consultores de beleza e consumidores e, juntas, oferecem valor limitado de sinergia sob a estrutura atual", completa. Segundo a Natura &Co, a estrutura da transação está sendo avaliada, mas a empresa adiantou que a expectativa é que a operação resulte em duas empresas separadas e independentes, com planos de negócios e governança próprios, além de possuírem equipes de gestão mais bem preparadas para encontrar estratégias direcionadas a cada marca. A companhia frisou ainda que o objetivo é que a transação gere valor aos acionistas no longo prazo. As últimas mudanças na Natura &Co aconteceram após a empresa acumular ao longo de 2022 e parte de 2023 trimestres seguidos de prejuízo líquido, em meio à crise macroeconômica que afetou todo o varejo. Em meados da 2022, então, a companhia trocou o seu comando e passou a ser presidida pelo ex-Santander e Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Fabio Barbosa, que chegou com o objetivo de fazer a fabricante de cosméticos voltar ao lucro. Entre as alternativas, estavam a venda de marcas estrangeiras, como aconteceu com a The Body Shop e a Aesop, e a simplificação da infraestrutura da companhia, com a volta ao seu modelo básico de operação. Apenas com a venda da Aesop, concluída em agosto do ano passado, a companhia teve impulso não só para fechar o terceiro trimestre de 2023 no positivo, mas viu seu lucro líquido disparar para R$ 7 bilhões, após um prejuízo de R$ 560 milhões no mesmo período do ano anterior. O lucro medido pelo Ebtida ajustado, antes de descontos com juros, impostos, depreciação e amortização, ficou em R$ 751,4 milhões, alta de 10% ante o terceiro trimestre de 2022. Depois de um forte movimento de expansão, a empresa agora vinha procurando se concentrar nas suas duas grandes marcas: Natura e Avon, com especial atenção ao mercado da América Latina. Mas a integração das operações entre as duas marcas ainda apresentava gargalos. Revendedoras vêm reclamando do atraso na entrega de produtos da Avon e da pouca quantidade de produtos Natura disponível nas promoções.
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