Segundo maior comprador de café do mundo, Alemanha fala em práticas mais sustentáveis * por David Lucena | Folha de São Paulo A Alemanha emitiu uma declaração conjunta com a Organização Internacional do Café e a Plataforma Global do Café na qual se compromete a contribuir para uma transformação sustentável do setor cafeeiro. A declaração aborda questões como renda digna para produtores rurais, transparência de mercado e equidade de gênero, além de pregar uma agricultura que contribua para a mitigação da crise climática. Embora protocolar, o documento assinado em Berlim, no último dia 19, importa porque a Alemanha é o maior comprador de café da União Europeia. No comparativo global, é o segundo maior, atrás apenas dos Estados Unidos. Em 2023, o Brasil exportou 5 milhões de sacas de café para a Alemanha, valor muito superior ao que embarcou para a Itália (3,1 milhões), terceiro maior comprador do café brasileiro. A declaração se insere ainda em uma discussão mundial sobre o Regulamento da União Europeia para Produtos Livres de Desmatamento (EUDR), que proíbe a importação de certos produtos provenientes de áreas com desmatamento. A lei passa a ser aplicada em janeiro de 2025. Enquanto isso, o mercado global de café corre para se adaptar à norma. A declaração, assinada pelo ministério alemão para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento, defende a sustentabilidade ambiental e a mitigação das mudanças climáticas por meio da circularidade, produção regenerativa, comércio e consumo na cadeia global do café. A produção regenerativa, mencionada no documento, é apontada pela cafeicultura mundial como aposta mais promissora para lidar com as mudanças climáticas. A expressão virou uma espécie de mantra das grandes empresas que tentam vocalizar um discurso sustentável. O termo passou a ser onipresente em relatórios de ESG (Governança ambiental, social e corporativa, da sigla em inglês), rótulos de produtos e falas de executivos. De modo geral, a agricultura regenerativa é baseada em práticas de conservação e regeneração do solo, da água e da biodiversidade, a fim de emitir menos gás carbônico do que as técnicas consideradas tradicionais. O documento destaca ainda a necessidade de preservar os ecossistemas naturais nos países produtores de café em todo o mundo. A diretora-geral do ministério alemão, Ariane Hildebrandt, disse que o país está empenhado em apoiar o avanço do setor global de café "rumo a um futuro mais sustentável, inclusivo e resiliente".
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