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Fmi Diz Que Incerteza Faz Previsão De Crescimento

FMI diz que incerteza faz previsão de crescimento mundial cair

* por Alberto Valdés | EFE

Santiago (Chile), 23 jul (EFE).- A guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, a possibilidade de uma saída do Reino Unido da União Europeia (UE) sem acordo e a complexa situação na Venezuela e no Irã são alguns dos fatores que fizeram a incerteza aumentar na economia mundial e levaram o Fundo Monetário Internacional (FMI) a reduzir em 0,1% a projeção de crescimento para 2019.

Essas questões foram apresentadas pela economista-chefe do FMI, a indo-americana Gita Gopinath, em entrevista à Agência Efe nesta terça-feira em Santiago, no Chile, onde apresentou o último relatório de Perspectivas Econômicas Globais produzido pela organização.

"Há fatores domésticos, mas em termos de risco internacional, além da guerra comercial e tecnológica entre EUA e China, também provoca incerteza a possibilidade de não haver um acordo entre a União Europeia e o Reino Unido para o Brexit, assim como a desaceleração (da economia) da China", afirmou Gopinath.

A economista também acrescentou que existe a possibilidade de uma mudança nos prognósticos do mercado financeiro. Para ela, o período de juros baixos em que vivemos, medida que facilitou a concessão de muitos empréstimos, pode sofrer uma reviravolta caso haja uma mudança profunda nas previsões.

Junto a elementos de caráter global, Gopinath explicou que o prognóstico de crescimento mundial "brando", que passou de 3,3% para 3,2% em 2019 em comparação com a previsão de abril deste ano, também se deve às condições domésticas dos países, como a redução do consumo interno e das exportações.

Um exemplo disso é a Índia, que, segundo ela, sofreu uma queda significativa em sua demanda interna, e os países com forte produção industrial, como a Alemanha, que são mais dependentes da demanda externa.

Dentro do grupo dos países desenvolvidos, a economista destacou o desempenho da Espanha, com uma taxa de crescimento estimada de 2,3%, a segunda melhor atrás apenas dos Estados Unidos (2,6%), graças aos fortes investimentos e à redução das importações.

Já em outros casos, como os de Brasil e México, a piora nos prognósticos se deve às incertezas em torno das mudanças na política fiscal. Outro fator são as reformas estruturais, que na visão da economista-chefe do FMI se estenderam mais do que o esperado.

Os reflexos da análise estão nas previsões feitas para a América Latina, que registrou a maior queda no relatório. Antes, o FMI projetava um crescimento de 1,4% para região em 2019. Agora, ela passou para 0,6%.

"Este resultado se deve à atuação de vários países, não existe uma explicação única", especificou a economista-chefe do FMI.

Outro exemplo citado por Gopinath é o difícil cenário da Venezuela, que vive uma combinação de crise humanitária, política e econômica, onde a previsão de retração foi reajustada para 35%.

"Isso afeta toda a região", frisou.

A redução do 0,1% para 2019 também se estendeu para o ano de 2020, para o qual o FMI prevê uma taxa de crescimento de 3,5%, um número que continua sendo "preocupante", já que permanece nos níveis mais baixos registrados desde a crise financeira mundial de 2008.

Mesmo assim, esse número é somente uma estimativa, segundo a economista, que se baseia 70% na estabilização", na melhoria do crescimento e na redução mais branda de economias emergentes como Venezuela, Argentina, Turquia e Irã", algo que ela confessou que continua sendo incerto.

Por isso, Gopinath insistiu na necessidade de uma continuidade na proliferação de acordos comerciais em nível global, como por exemplo entre UE e Mercosul, já que um dos grandes desafios em relação ao futuro passa por fortalecer o âmbito comercial internacional, onde está atualmente grande parte da fraqueza generalizada.

"Em geral, gostaríamos que a comunidade mundial como um todo se tornasse mais integradora, não de maneira fracionada. Razão pela qual também desejamos que a China e os Estados Unidos cheguem a um acordo comercial durável", concluiu a economista-chefe do FMI.

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