O FED e a taxa de juros * por Equipe consultAR.biz * índices retirados do site www.federalreserve.gov A taxa de juros praticada pelo FED influencia de maneira significativa a economia mundial, e principalmente as economias emergentes com baixa taxa de poupança interna, como é o caso da economia brasileira. Um modelo de previsão da ação do FED permite antecipar mudanças na liquidez da economia norte-americana, bem como seu impacto sobre o mercado de ações, títulos do tesouro, na cotação do dólar em relação a outras moedas, e também o seu impacto em ativos correlacionados em outros países. É possível avaliar, com razoável margem de segurança, qual será a decisão de política do FED, levando em consideração os indicadores econômicos que têm maior peso nas decisões do comitê de política monetária. A observação e acompanhamento analítico destes indicadores permitem prever, com segurança, a possibilidade do FED alterar a taxa de desconto e a taxa dos Fed Funds. Além dos fatores acima, que influenciam decisivamente a ação do FED, nota-se também que, em caso de graves crises financeiras – como a crise asiática de 1997, a moratória russa e a quebra do LTCM em 1998, o bug do milênio de 1999 – o comitê de política monetária provê liquidez suficiente para enfrentar a crise, corrigindo o eventual excesso posteriormente. O FED vive um dilema: a economia está desacelerando, porém a inflação continua acima da “zona de conforto”. O crescimento do 2º trimestre, hoje, é calculado na casa dos 2,5% anuais. Este valor é menos da metade do trimestre anterior. O desaquecimeto do mercado imobiliário está diminuindo o consumo das famílias, agora mais acentuadamente, como mostram os últimos indicadores. As vendas do comércio varejista praticamente não cresceram, a confiança do consumidor está mais fraca e a venda de automóveis está caindo. Mas a alteração de maior importância está sendo verificada na diminuição da intenção dos consumidores em tomar crédito. Depois de atingir o “pico” de endividamento de 22 salários, em outubro de 2003, a propensão ao endividamento começou a cair, sem que houvesse qualquer restrição quantitativa de crédito, ou alteração nos níveis de alavancagem dos bancos. O consumidor norte-americano parece que está diminuindo sua propensão a consumir, o que pode ser o início de um processo de ajuste estrutural, em direção a um desequilíbrio em conta corrente menor do que o atual. A desaceleração parece estar chegando ao mercado de trabalho, embora ainda em baixa intensidade. O número de pedidos de seguro-desemprego está com tendência de alta, e o valor total da folha de pagamento está crescendo menos. Outros indicadores, entretanto, mostram uma economia ainda forte, mas sabe-se que, quando o impacto do aperto monetário já promovido for integralmente absorvido, acabará sendo desacelerada. A produção industrial, que estava com tendência de queda na margem, recuperou o vigor em março e abril, e o nível de encomendas industriais continua estabilizado na casa dos 7% de crescimento anual. De forma geral a economia está enfraquecendo, e o FED enfrenta o dilema: se a economia caminha para um patamar de crescimento menor, até onde deveria elevar sua taxa? Não seria melhor parar agora e esperar a desaceleração que, na verdade, já está ocorrendo? Talvez a resposta tenha que levar em consideração o fato do FED estar com um presidente novo, e que Bernanke precisa mostrar suas credenciais contra a inflação e reforçar sua mensagem a favor do inflation targeting. Um discurso e uma prática mais duras, podem ajudar o FED a recuperar-se da acusação de ser um “criador de bolhas especulativas”, lançada por muitos economistas, numa crítica explícita à gestão Greenspan. Alguns respeitados analistas inferem que, de fato, outros motivos, além dos técnicos, podem estar agindo na determinação da taxa de juros. A economia dos EUA já está desacelerando e o efeito do aperto monetário, realizado até agora, ainda não atingiu a economia em sua totalidade, por ser defasado em mais de 6 meses. O FED, então, deveria esperar alguns meses, para decidir se algum aumento adicional nos juros será necessário. A política monetária já pode ser considerada como dura, já que a taxa de juros real, paga pelo FED, está próxima do aperto monetário máximo verificado em outras ocasiões, que acabaram por desacelerar a economia de forma suficiente para manter a inflação sob controle. O juro real aproxima-se de 3%, se considerarmos o núcleo da taxa de inflação ao consumidor. Embora a taxa de juros real seja alta, se considerarmos o núcleo da inflação, ela é uma taxa baixa, se considerarmos a inflação cheia. É um argumento curioso, pois embute o raciocínio de que o FED pode controlar as causas do aumento do petróleo, ou mesmo o crescimento chinês. Pergunta-se: o que o FED tem a ver com isso? Deve combater sim, o aumento de custos e o repasse ao longo da cadeia produtiva, mas isso deve ser feito através do núcleo da inflação, e não do índice cheio, contaminado pelo preço do petróleo. O dilema do FED é que se exagerar, sua credibilidade também ficará comprometida, não por ser leniente com a inflação, mas sim, por causar danos além do necessário. E a cobrança pelo erro vai ser dura. Em resumo, se o novo presidente pensar estrategicamente, deveria esperar alguns meses, mantendo os juros no patamar atual, já bastante alto, até que a economia capte todo o custo do aperto monetário já imposto pelo FED.
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