Agronegócio reduz participação no PIB brasileiro, diz CNA

*por Reuters

A crise do setor de grãos, decorrente da queda dos preços pagos aos agricultores, deve levar o agronegócio brasileiro a registrar neste ano a menor participação no PIB (Produto Interno Bruto) nacional dos últimos 12 anos, declarou nesta terça-feira a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Se mantidas as taxas negativas de crescimento dos últimos meses, o PIB do agronegócio deverá ser de R$ 527,38 bilhões neste ano, contra R$ 537,63 bilhões verificados em 2005 (queda de 1,91%), segundo a CNA, que realizou estudo juntamente com o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Universidade de São Paulo).

"Com isso, o agronegócio perde representatividade na economia nacional, que deixa de crescer por conta da crise na agricultura", afirmou o superintendente técnico da CNA, Ricardo Cotta, segundo nota divulgada pela entidade.

A redução de 1,91% no PIP agropecuário correspondente a uma perda de R$ 10,25 bilhões, o que, segundo Cotta, deve causar um impacto negativo de 0,4% no PIB nacional.

O percentual do PIB agrícola na soma das riquezas do País deve cair para 26,44% em 2006. Em 2003, quando o Brasil teve um dos melhores resultados agropecuários da história, a participação foi de 30,58%.

De acordo com Cotta, a valorização cambial, que atingiu 8,41% de janeiro a julho, e os problemas de infra-estrutura resultaram na queda dos preços pagos aos produtores.

Segundo a CNA, o Valor Bruto de Produção (VBP) da agropecuária em 2006 deverá ter queda de 4,3%. Para a entidade, o faturamento dos produtores deve recuar este ano para R$ 166 bilhões, ante R$ 174 bilhões registrados em 2005.

Cotta disse que a maior parte dos produtos tem expectativa de redução do faturamento este ano. A soja deve ter uma diminuição de 15% em relação a 2005, a carne bovina, de 8%. Já o faturamento da cana-de-açúcar deve registrar aumento de 19%.