Após efeito China, Bovespa sobe 1,7% com busca por ações baratas
* por Epaminondas Neto | Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) aproveitou uma trégua do efeito "China" e recuperou parte do terreno perdido no "susto" de ontem. O principal índice do mercado subiu 1,73%, em linha com o avanço moderado dos pregões americanos, e marcou 43.892 pontos. A recuperação veio amparada em volume considerado significativo: R$ 4,6 bilhões.
O dólar comercial foi cotado a R$ 2,121 (valor de venda) nos últimos negócios, praticamente estável (leve alta de 0,04%) sobre o fechamento anterior. Sem o estresse de ontem, o mercado de câmbio ficou sob a influência da tradicional disputa de "comprados" e "vendidos" para formação da Ptax, a taxa de referência usada para liquidar os contratos futuros de dólar. Conforme sua posição no mercado futuro, os investidores agem para influenciar a formação da taxa.
Em um cenário menos perturbado por notícias negativas, os investidores foram às compras atrás dos papéis atrativos e que tiveram fortes perdas ontem. A revisão do crescimento do produto americano, que mostrou uma estimativa ainda mais fraca que o esperado, não chegou a perturbar os investidores.
Para profissionais do mercado, a principal fonte de preocupação continua a ser a China. As ações chinesas praticamente dobraram de preço em um curtíssimo espaço de tempo e analistas se preocupam que novos ajustes detonem outras ondas de realização de lucros (vendas de ações muito valorizadas) nas bolsas mundiais, à semelhança do que ocorreu na terça-feira. Como lembra um corretor de bolsa, para quem subiu 100%, uma queda de 9% "é nada".
Por outro lado, economistas das principais instituições financeiras insistem que não houve uma deterioração significativa da economia mundial nas últimas semanas e que, em termos de fundamentos (indicadores econômicos principais), não foi justificado o "pânico" de ontem nas bolsas.
"O que nós temos que acompanhar nos próximos dias é como vai ficar a volatilidade das bolsas. O mercado só volta a subir de maneira consistente quando houver confiança de que essa volatilidade diminuiu", afirma o analista Daniel Gorayeb, da corretora Spinelli.
Economia americana
Gorayeb afirma que o mercado reagiu a dois indicadores favoráveis da economia americana que, combinados, aliviaram parte das preocupações com uma desaceleração dos EUA. A taxa revista de crescimento do PIB para o quarto trimestre, de apenas 2,2%, casado com uma inflação de 1,9%, proporcionou o "melhor dos mundos" para os investidores: um crescimento moderado com uma inflação considerada "sob controle" pelas autoridades monetárias americanas.
"Se o crescimento é alto demais, o mercado teme que os juros possam subir, o que complica o cenário. Se é muito baixo, também é complicado. Desta vez, não veio nem muito alto, nem baixo", acrescenta Gorayeb.
PIB brasileiro
O mercado também foi sustentado pelo desempenho do PIB brasileiro. A taxa de crescimento --de 2,9%-- veio em linha com as expectativas do mercado. O que surpreendeu positivamente, destacam analistas, foi o crescimento do quarto trimestre de 2006 contra o mesmo período de 2005.
"Este é um bom indicador [a taxa de 3,8%] para o crescimento de 2007, uma vez que indica que a economia entra este ano com um momentum positivo e em aceleração", afirma a corretora Ativa, em relatório divulgado hoje.
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